Uma das últimas pesquisas feitas em Juazeiro do Norte demonstra que mais de 96% do território municipal é composto pela zona urbana, ou seja, a cidade concentra uma das maiores densidades demográficas do Nordeste, e no Ceará ficando atrás apenas da Região Metropolitana de Fortaleza.
Devido à constante incrementação de empreendimentos, turismo religioso e comércio, a terra do Padre Cícero se viu literalmente “inchar” nas últimas décadas, sem a infraestrutura adequada para a quantidade de novos moradores, vindos de todas as partes, principalmente de estados vizinhos, e como resultado vivencia o caos urbano dos grandes centros.
Uma das principais características desde sua emancipação, ocorrida a pouco mais de um século, é a constante e progressiva transformação urbana das diversas localidades do município, onde até pouco tempo atrás não se via interesse em habitações mais distantes do centro. Isto então vem demonstrando a capacidade de crescimento do município, o que atraiu investidores e empresas a se alojarem na região.
Assim como nos principais centros urbanos, uma das consequências do constante crescimento é a desigualdade social, sendo que pesquisas recentes demonstram que a cidade possui hoje um dos menores índices de condições de vida do estado, o que preocupa, quando se compara a outras cidades com população semelhante e que estão mais estáveis. O nível de renda per capita do município é ainda mais baixo que o da cidade vizinha, Crato, que tem população estimada em cerca de 130 mil habitantes e que atinge a renda média de R$ 470,46 per capita, contra R$ 439,53 de Juazeiro do Norte, com população superior a 270 mil habitantes.
Condições de vida
Um dos quadros mais controversos é justamente o contraste entre o crescimento e a distribuição de renda no município. Junto à Sobral, somam mais de 5% de contribuição, ficando dentro dos cinco municípios que concentram o maior PIB estadual, segundo dados da Fecomércio. Juazeiro do Norte ainda está na lanterna do desenvolvimento humano regional, com IDH atrás das cidades de Crato e Barbalha.
A história não é recente, haja vista a grande concertação de riquezas e investimentos públicos e privados voltados apenas em Fortaleza e sua região metropolitana. A iniciativa privada, no entanto, é atuante e, atraída, tem feito altos investimentos no município. Porém, a defasagem ainda é grande em relação à capital e região metropolitana de Fortaleza e até mesmo a Sobral.
Estudos recentes demonstram que houve crescimento maior de instalação de instituições privadas e ONG’s na região, contra um número menor de instituições públicas, segundo o último senso do IBGE. Isto significa que a iniciativa privada detém a maior parte dos bens e do capital de giro do município, que hoje, apesar da crise na construção civil, ainda se mostra um canteiro de obras. Quanto a obras públicas, vê-se que há altos investimentos do governo estadual na mobilidade urbana e até intermunicipal, mas há preocupação quanto à crescente demanda por desafogamento no trânsito e, por conseguinte, quanto à segurança nesta área.


Um alerta lançado pelo pesquisador e engenheiro civil Pablo Oliveira Rolim, diz respeito à concentração de riqueza no estado do Ceará, mais especificamente em relação a dificuldade de se empreender no interior do estado, mesmo com o crescente desenvolvimento urbano de Juazeiro do Norte e Sobral, que se consolidam como centros urbanos além da capital.
“Esse ciclo de concentração de riqueza acaba infringindo às cidades pequenas e mais pobres uma condição de desigualdade que cresce em progressão geométrica.”, ressalta Rolim. Isto significa que à falta de empreendimentos e incentivos nas três esferas de governo, a cidades que não estão no entorno dos grandes centros urbanos, deixam de ter seu potencial valorizado, e consequentemente de oferecer melhores condições de vida à sua população.