O Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) teve seu início há 14 anos quando, lá no longínquo 2008, estreava Homem de Ferro. De lá para cá, foram 29 filmes, já contando com Thor: Amor e Trovão, além das sete séries exclusivas do Disney+, que também fazem parte do UCM.
A Marvel teve seu auge na fase 3, com filmes como Pantera Negra, Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, e de lá para cá muito se tem reclamado dos filmes do estúdio que, obviamente, não mantiveram o nível desses citados acima. Mas é preciso fazer um exercício de memória e lembrar que, nas fases 1 e 2, também não houve tanta aclamação. Na fase 1, por exemplo, podemos destacar Homem de Ferro (2008) e o primeiro crossover dos Vingadores (2012). Já na fase 2, destaque apenas para Capitão América: O Soldado Invernal (2014) e Guardiões da Galáxia (2014). Todos os outros muitos filmes do UCM são filmes comuns, que se dividem entre bons, mais ou menos, e uns bem ruins.
A fase 4, que está acontecendo agora, tem recebido duras críticas e dividido bastante o público. Com exceção de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021), e uma ou outra série (talvez Wandavision, Falcão e o Soldado Invernal, e Loki), as demais produções não têm recebido grande aclamação. E coloco a culpa na própria Marvel Studios, que elevou muito o nível com os excelentes filmes da fase 3 já citados. Isso fez com que as pessoas sempre ficasse esperando obras-primas do cinema, quando na verdade, a maioria dos filmes é simplesmente bom. E se houver muita expectativa, a pessoa acaba saindo frustrada do cinema (ou do streaming).
Pois bem, Thor: Amor e Trovão sofre justamente com isso. O que parecia que seria um grande sucesso, após as primeiras impressões, se tornou um dos filmes mais mal avaliados do estúdio, atualmente com 68% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes; o público até gostou mais – 81% –, mas ainda assim observei muitas críticas.
Já eu saí do cinema super feliz e satisfeito porque recebi exatamente o que eu esperava: um filme de comédia, como já havia sido o antecessor Thor: Ragnarok (2018), com boas cenas de ação e uma trilha sonora com muito rock. Às vezes, um filme deve ser encarado apenas como um filme, um entretenimento. Ponto. Não espere demais de filmes de super-heróis, e então o que vier é lucro. Nem todo filme tem a missão de fazer você refletir sobre a vida. O cinema tem muitas vertentes.
O filme tem defeitos? Claro. Falta espaço para o desenvolvimento de personagens, como a Rei Valquíria e o próprio vilão Gorr, o carniceiro dos deuses. Não há aqui algo parecido com o que aconteceu em Guerra Infinita, quando Thanos recebeu muito tempo de tela, mas Christian Bale rouba a cena na pele do antagonista, com alguns takes bem sinistros e uma atuação simplesmente perfeita.
O roteiro tem suas superficialidades, como todo filme, e se prende ao seguro, ao “arroz com feijão”; não reinventa a roda. Mas o terceiro ato é bem imprevisível e de longe a melhor parte do filme. Ao contrário do que aconteceu em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, por exemplo, o final aqui é bem feito e mais aceitável, e arrancou algumas lágrimas de pessoas na sessão. E se alguém reclamou do CGI desse filme, assista novamente a batalha no mundo sombrio, que ficou simplesmente um espetáculo.
Thor, hoje, é o personagem com melhor desenvolvimento do UCM. Um dos poucos remanescentes da fase 1 e que certamente terá seu quinto filme, muito provavelmente dirigido ainda por Taika Waititi, agora com a experiência de dois filmes do personagem e sabendo o que deu certo e o que deu errado.
Estou ansioso pelo que vem por aí. E vou continuar sem altas expectativas, tanto para os filmes quanto para as séries. O UCM, para mim, é um bom entretenimento. E só. E está ótimo. A gente já passa muito estresse na vida; vamos deixar o cinema nos tirar de órbita por duas horas…