segunda-feira, 29 de abril de 2024

Mulheres que inspiram. No Dia Internacional da Mulher, PCCE traz relatos de servidoras protagonistas de suas histórias

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) celebra e reconhece os relevantes serviços prestados por mulheres que passaram e aquelas que compõem a instituição. Todas elas inspiram mulheres e são protagonistas de suas histórias. Nesta data, que ressalta o papel da mulher na sociedade, a instituição traz histórias de quatro policiais civis: duas delegadas, uma escrivã e uma inspetora que se dedicaram e se dedicam à Segurança Pública do Ceará. Mulheres determinadas, aguerridas e que por muitas décadas contribuíram no combate às ações criminosas do Estado.

São 1.202 policiais civis femininas  em todo o Estado, algumas lotadas em distritais, unidades especializadas, municipais e regionais. Filhas, mães, esposas que representam a potencialidade da força feminina na instituição. A escrivã Rosa Rodrigues, de 55 anos, atualmente lotada na 1ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), há dez anos saiu da sua cidade, em Fortaleza, e buscou novos horizontes na Região Sul do Ceará. Sua trajetória começou há 386 quilômetros de Fortaleza, no município de Orós, onde por lá, diante dos relevantes trabalhos prestados à comunidade, ganhou o título de honra ao mérito e o título de cidadã oroense.

Como mulher, nunca se limitou a rótulos dados a ela. Começou a trabalhar aos 16 anos e sempre colocou sua família acima de tudo. E foi cuidando dos seus que ela sentiu o desejo de cuidar dos outros. “Ingressei na instituição em 2013, aos 44 anos. Mesmo sendo considerado tarde, eu sempre sonhei em ser policial civil, via essas mulheres como verdadeiras guerreiras. Ao cuidar das minhas irmãs e minha mãe, percebi que eu nasci pra isso, cuidar das pessoas se tornou uma inspiração para mim. Vendo os acontecimentos do dia a dia eu ansiava por justiça e me impulsionou por dias melhores para minha família e para os cearense”, explica Rosa.

Com mais um sonho realizado, a servidora comenta, ainda, que por ter vindo de uma família humilde, pais idosos e por sempre cuidar de casa, sofreu preconceito e dificuldades para ingressar na carreira. “Não me curvei às dificuldades, quando iniciei na profissão. Queria que minha presença na delegacia fosse sempre acolhedora ao cidadão. Hoje, formada há um ano em direito, percebo que tudo valeu a pena, que nunca é tarde para realizarmos nossos sonhos. Percebo que somos essenciais em qualquer profissão. Nós, mulheres, precisamos ser vistas com igualdade na sociedade e sempre seremos fortes e capazes de desempenhar qualquer papel”, finalizou a escrivã.

Sonho de menina, realidade de mulher

“Meu primeiro contato com uma policial foi quando eu tinha 12 anos, em um salão de beleza. Ver aquela mulher fardada me inspirou a ser o que eu sou hoje. São 15 anos sendo servidora na área da Segurança Pública, inicialmente como policial militar e, hoje, como inspetora de Polícia da PCCE”, lembra a inspetora de Polícia Civil Roberta Mendes, que desde 2016, atua na Divisão de Proteção ao Estudante (Dipre) do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), da PCCE. O sonho tornou-se realidade e Roberta ingressou cheia de desafios, mas sempre em busca de incentivar outras meninas e mulheres a conhecerem o trabalho da instituição.

“O papel da Dipre é desenvolver ações preventivas e de enfrentamento às violências, para a promoção de uma cultura de paz. Sempre realizamos palestras de prevenção a violência contra as mulheres, crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência e todos os demais grupos considerados vulneráveis, além de palestras sobre bullying, racismo, homofobia e transfobia, e qualquer forma de preconceito e discriminação. Nossas palestras acontecem para os mais diversos públicos, estudantes, profissionais, e sociedade civil como um todo. Nosso papel é, também, mostrar que a Polícia Civil não só trabalha na repressão de crimes, como também na prevenção. Somos uma instituição que focamos em trocar experiências, ensinarmos a essas novas gerações que pode partir da gente uma sociedade mais justa e pacífica”, ressalta Roberta.

E os desafios de ser mãe e ter uma dupla jornada também fazem parte da trajetória da inspetora, que aprendeu na maternidade atípica o poder de ser uma mulher extraordinária. “Meu filho, Heitor, hoje com oito anos, tem síndrome de Down, é um desafio para mim ser mãe, e ter uma jornada fora de casa, imagina ser mãe atípica, que precisa se dedicar muitas vezes em dobro para que o filho se desenvolva com as terapias diárias, rotina de exames médicos e desenvolvimento escolar adaptado. Sempre lutei e luto por ele todos os dias, estudei para conhecer sobre a síndrome de Down, e assim, como eu, outras mulheres, podem apoiar outras mães. Com dupla jornada ou não, temos a potência e a força feminina de estarmos onde quisermos”, enfatiza a inspetora de Polícia.

Passado e presente

Muitas histórias devem ser lembradas para que possamos aprender sobre o sucesso das mulheres nas instituições públicas. Entre as milhares de mulheres que passaram pela Polícia Civil do Ceará, nesses 215 anos, a instituição relembra com saudosismo a trajetória da primeira delegada da Polícia Civil do Brasil e do Ceará, Margarida Maria Borges de Carvalho. Com 86 anos de idade, a servidora aposentada é considerada a pioneira em um cargo que, por muitos anos, era majoritariamente exercido por homens. Os anos eram outros, os desafios também, mas para Margarida os seus 30 anos na PCCE foram marcados por profissionalismo, sucesso, competência e protagonismo.

“Recebi muitas homenagens, por ser algo novo para à época. Lembro bem, que as pessoas, quando me viam passar, me chamavam de xerife e me respeitavam bastante, mesmo com todo o desafio de ser a primeira delegada do Estado e do Brasil, eu não tinha medo de trabalhar, de ser uma policial civil, tinha certeza que nunca estava sozinha”, destaca Margarida.

Ela conta como foi seu maior desafio durante os anos de profissão. “Sai do Ceará, a pedido do secretário de Segurança da época, para elucidar um crime de homicídio  no Pará. Fui para a missão, elucidei o caso, e ainda, apreendi seis veículos de uma outra ocorrência de roubo”, relembra com orgulho a servidora aposentada.

É com mulheres que inspiram e ensinam que as novas gerações sabem que podem estar onde quiserem. Margarida foi quem deu os primeiros passos para as mulheres na PCCE, para que suas sucessoras, hoje, possam galgar outros voos. A nova geração, também, é forte e determinada. A delegada Joseanna Oliveira ingressou na PCCE em 2018. Com pouco mais de cinco anos como delegada, Joseanna em 2020, foi titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Quixadá, onde teve a oportunidade de trabalhar pautas relacionadas à violência contra a mulher, crianças e adolescentes.

“Em minha trajetória de quase dez anos, parte dela foi como inspetora, o cargo que ocupei inicialmente na instituição. Nessa caminhada foram muitos desafios, muitos deles ainda mais significativos pelo fato de ser mulher em uma instituição com muitos homens, mas a luta nos faz conquistar espaços que reforçam que podemos estar onde desejamos”, explica a delegada.

Atualmente lotada no 10° Distrito Policial (DP), Josseana Oliveira reforça os desafios enfrentados por ela, principalmente, por ser a primeira policial civil da família. “Estamos em um processo de construção, de defesa do papel da mulher na sociedade, mas seguiremos nessa luta. É um desafio ocupar um papel de chefia, mas uma honra ocupar esse espaço e inspirar outras mulheres”, finaliza Joseanna.

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