segunda-feira, 07 de outubro de 2024

Mulheres em representatividade de poder e oportunidades

Na Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), apesar do seu pouco tempo de existência, já existe uma trajetória de consolidação do papel feminino na rotina de trabalho. Essa consolidação mostra a importância não apenas da equiparação com o sexo masculino, mas como essa igualdade é saudável, essencial e representativa no exercício de diversas funções dentro das atividades da Supesp, como a produção de indicadores, pesquisas, dados e estatísticas criminais. Atualmente, com 34 profissionais, sendo 17 mulheres, a Supesp é o órgão vinculado à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE), onde a participação delas em sua estrutura é de 50%. Esses números revelam uma política e uma filosofia de inclusão, que balizam a instituição.

Advogada desde 2011, Giovanna Santiago, 35, ingressou na Diretoria de Pesquisa e Avaliação de Políticas de Segurança Pública (Dipas/Supesp) em setembro de 2021, onde desenvolve estudos e pesquisas científicas sobre políticas públicas na área da segurança pública, ocorrências de crimes em determinadas regiões do estado, a partir da perspectiva sociológica e de acordo com a demanda da Superintendência e de outros órgãos do Governo. Ela iniciou a segunda graduação em Ciências Sociais, na Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2014. Em 2015, ingressou como pesquisadora no Laboratório de Estudos em Política Educação e Cidades (Lepec/UFC), onde permanece vinculada desde então. Participou de várias pesquisas envolvendo temas como direito à cidade, mobilidade urbana, gênero, educação, entre outros.

Para a socióloga, infelizmente, a maior participação feminina no mercado de trabalho não veio acompanhada de uma igualdade na divisão do trabalho doméstico e de cuidado com crianças e idosos, acarretando em dupla e até tripla jornada por parte das mulheres. Com isso, segundo a cientista, há limites ao crescimento profissional das mulheres e à ocupação de cargos de diretoria, sobretudo as que são mães. “Por outro lado, é gratificante ver que as mulheres têm alcançado maiores graus de instrução e estão ocupando cada vez mais espaço na academia, inclusive em posições historicamente ocupadas por homens. O que me enche os olhos é ver que, através da ciência, da análise aprofundada de dados e do contexto local, é possível intervir diretamente para melhorar a elaboração e a implementação de políticas públicas de segurança”, explicou Giovanna, que concluiu sua dissertação de mestrado em Sociologia, com o tema “Assédio de Rua e os Limites à Mobilidade Urbana das Mulheres e Meninas”, e agora defende sua tese de doutorado sobre “Aumento de Divórcios Durante a Pandemia”.

Muito planejamento e vontade

Outra característica importante que tem se destacado no perfil das trabalhadoras da Supesp é a juventude aliada à experiência. Estudante de Direito, Vythorya Sales, 24, atualmente trabalha como auxiliar administrativo, na Diretoria de Estratégia de Segurança Pública (Diesp/Supesp), e planeja ser delegada de polícia. “É a carreira dos meus sonhos e me planejo muito para isso acontecer em breve; divido minha rotina entre o trabalho e bastante estudo”, explica Vythorya, que já cumpriu estágio no Fórum de Caucaia, em escritório de advocacia, na própria Supesp e no Juizado Especial de Fortaleza.

O maior desafio, segundo a estudante de Direito, é vencer a rotina diária de trabalho e estudo, aproveitando os intervalos para colocar as questões mais importantes em dia. “Também é difícil se manter sempre motivada, ainda mais quando na bagagem tem algumas reprovações, muitas vezes vem o pensamento de que eu não vou conseguir, é difícil demais… mas me mantenho confiante de que um dia a vitória chegará e eu conseguirei”, desabafa Vythorya, quando reforça que esse sonho já vem de outra geração, do próprio avô, Raimundo Batista, mais conhecido como Doca, que sonhava com os filhos estudando e concursados. “Minha inspiração e maior amor do mundo”, conta a estudante.

Atualmente, alguns membros da família de Vythorya Sales têm curso técnico e uma boa parte o ensino médio. Se hoje, cada vez mais, os lugares das mulheres são onde desejem estar, essa nova geração vai traçando uma história de muitas conquistas, lutas, recomeços e formando mulheres cada vez mais independentes, participativas e decisivas na vida social, cultural e econômica do país.

A excelência do atendimento

Ela é natural de uma tradicional família cearense, do município de Tauá, Sertão dos Inhamuns, e que se ramificou por todo o estado do Ceará pela força do comércio exercido pelos pais e avós. O trato com o comércio e as vendas, Cecília Feitosa, 59, traz até hoje. Mas aplica atualmente no setor público, na área da segurança pública, desde 2011, quando atuou na Coordenadoria de Administração e Finanças (Coaf) da SSPDS e, agora, como secretária da Supesp.

Dos cursos e da experiência na área do atendimento, onde coordenou a implantação de sistemas de qualidade ao cliente em empresas de grande porte varejista, Cecília se surpreende ainda quando vê o crescimento da administração no setor público e a participação e crescimento das mulheres, principalmente na segurança pública. “Era difícil imaginar uma mulher delegada, policial; então fico muito feliz por ocuparmos esses espaços tão importantes, é uma conquista muito valiosa. Eu vivi uma época em que o cidadão não fazia a mínima ideia de como funcionava o serviço público, que temos tanto servidores engajados, fazendo trabalhos tão essenciais no nosso dia a dia, como a Ciopaer (Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas), a Ciops (Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança)”, declara Cecília.

Se do pai e do avô herdou a inteligência para o comércio, da mãe Maria Ivany Feitosa, Cecília trouxe a gentileza com a vida e a ousadia para buscar seus sonhos. Em plenas décadas de 40 e 50 do século passado, quando o passo mais ‘ousado’ para uma mulher era casar e cuidar dos filhos, Maria se preparou para ter o próprio trabalho e ser independente, algo inconciliável com o machismo daquela época, infelizmente. Para o sucesso da Supesp, o espírito livre, empreendedor e ousado dessas mulheres formam uma equipe de luta, realizações e muito afeto e Cecília segue distribuindo excelência no atendimento e gentileza nos relacionamentos interpessoais e profissionais.

Simpatia com muita competência

Uma unanimidade na presteza e na simpatia no atendimento a todos, a auxiliar administrativa Dandhara Braga, 25, é uma das mais experientes na Supesp e começou a atuar na Coordenadoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Cotic) da SSPDS em 2019, vindo para a superintendência no ano seguinte, assessorando diretamente o gabinete do superintendente.

Apesar da juventude, já é uma das profissionais que mais conhecem todos os trâmites, os caminhos burocráticos e onde encontrar as possíveis soluções para algumas pendências da rotina administrativa da instituição. Também cursando Direito, a jovem profissional já atuou na Gerência Financeiro Administrativo (Gefin) da Supesp, onde adquiriu experiência com aspectos técnicos e jurídicos do órgão. Trabalhar no setor público continua sendo sua meta, exercendo sua paixão pelo Direito, despertada desde o primeiro emprego na Prefeitura Municipal de Caucaia.

Filha caçula, ela assume toda essa responsabilidade de forma natural. “Sempre fui muito responsável com as minhas coisas, em tudo. Essa questão de ser jovem me inspira ainda mais a fazer o que tem que ser feito da melhor forma possível. Gosto de desafios. Penso assim: se me deram uma missão, ela será realizada com certeza”, diz Dandhara, que tem em outra mulher, a mãe Antônia Flávia, como sua maior inspiração de vida. “É meu espelho. Ela é muito determinada e responsável”, conclui Dandhara.

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