Mesmo sob água, o bloco Terreirada Cearense montou seu circo na Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro, transformada neste sábado de carnaval num pedaço do Nordeste. Os ritmos nordestinos colocavam os foliões, que lotam o parque, para dançar.
O juazeirense líder bloco, Junú, explica que o enredo deste ano lembra o movimento do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, massacrado no Cariri em 1930.
– A comunidade foi destruída por forças militares sob o argumento de que eram comunistas e fanáticos. Contra eles, foram lançados bombardeios aereos. Vamos contar essa história com muita poesia – diz o músico, que canta sobre pernas de pau.
Além das fantasias ligadas ao Nordeste, com direito a muito chapéu de Lampião espalhado pela Quinta, os foliões usaram a criatividade também para criticar. As laranjas, na moda, estão presentes. O administrador Ulisses Lima foi de “guardião das laranjas”
– Fui procurar laranjas de plástico na Saara, mas já estão até em falta – conta ele, obrigado a montar a fantasia com tangerinas.
– Tem que ter crítica, tem que alfinetar. carnaval não é só mero entretenimento.
O pessoal do bloco distribuiu para a mulherada tatuagens de Não é não”. Sessenta pernaltas acompanharam o bloco, que conta com 170 ritmistas.