Já não bastasse o fato estarrecedor acontecido na noite da última sexta-feira em Assaré-CE, quando um chefe de família ateou fogo a si, à sua esposa e aos dois filhos, o atendimento, ou não atendimento do Hospital Regional do Cariri, repercutiu negativamente na região.
Pai, mãe e filhos foram levados ao HRC, mas somente o pai e a filha, em estado mais grave, foram atendidos de pronto e internados.
A reclamação se deu em relação ao fato de outros dois membros da família, mãe e filho, terem passado horas dentro de uma ambulância, ao sol, à espera da decisão da direção do HRC em atendê-los, o que não aconteceu.
Procurada pelo portal Badalo, a assessoria de imprensa do Hospital Regional enviou uma nota de esclarecimento que reproduzimos na íntegra:
O Hospital Regional do Cariri (HRC), do Governo do Ceará, é uma unidade de alta complexidade referência no trauma e AVC Agudo. Quanto ao atendimento às vítimas envolvidas nesse incêndio em Assaré, pai e filha que tiveram queimaduras de 2° grau em quase 90% do corpo, foram devidamente e prontamente atendidos no HRC. A jovem de 18 anos foi logo em seguida encaminhada para o hospital de referência em queimados do Ceará, Intituto Doutor José Frota (IJF). O pai, João Oliveira, está em estado gravíssimo não tem condições clínicas de ser transferido para o hospital de referência em tratamento de queimados. Ele segue internado na UTI do Hospital Regional do Cariri.
Os demais familiares, mãe e filho, também foram atendidos no HRC e referenciados para o hospital de origem, São Vicente, em Barbalha com queimaduras leves de 1°grau.
O HRC reafirma ainda que qualquer pessoa que buscar a unidade será atendida, avaliada e classificada de acordo com o modelo Manchester, classificação de risco.
Os pacientes classificados como alta complexidade são atendidos na própria unidade. Os de baixa complexidade, deverão ser encaminhados para os hospitais de referência.
Em 2017 o HRC realizou mais de 586 mil atendimentos para a população dos 45 municípios da macrorregião do Cariri, um universo de cerca de 1,5 milhão de habitantes.
Secretário adjunto interveio:
Procurado pelo Badalo, o secretário adjunto de governo Fernando Santana afirmou que, na manhã do sábado, recebeu telefonemas da prefeita em exercício de Assaré, Maria É Braga Mota e do ex-prefeito Samuel Freire, ambos solicitando a sua intervenção para o transporte aéreo a Fortaleza, da jovem Juliana, 18, que apresentava queimaduras de terceiro grau.
Fernando acrescentou que entrou em contato com o Instituto José Frota, na capital, e com o Ciopaer, conseguindo a vaga no IJF e a aeronave para transportar a jovem, o que aconteceu por volta das 12:30 do sábado, 10.
Quanto a mãe e filho, com queimaduras de primeiro grau, o secretário adjunto disse ter solicitado atendimento no Hospital São Vicente, em Barbalha, no que foi atendido.
Conclusão do Badalo
Por tratar-se de um hospital público, o HRC está mais exposto às reclamações e, às vezes, dá cabimento ao descontentamento de parentes de pacientes, internados ou não, por conta de regras que, em alguns casos, precisam ser modificadas. Afinal, quando dois pacientes, após serem transportados por 100 quilômetros, com queimaduras ainda que de primeiro grau passam horas numa ambulância, à porta do hospital e não são atendidos, há algo errado. Mesmo sendo a maior e mais importante obra pública do Cariri, tendo salvado vidas, e mesmo tendo recebido em 2017 o título de Acreditado por Excelência da Organização Nacional de Acreditação (ONA), a direção do HRC precisa reverter algumas justas insatisfações que podem corroer o seu bom conceito formado nesses quase sete anos de funcionamento.