As portas da Embaixada do Brasil em Roma estão abertas para mostrar aos europeus e turistas obras que marcam a produção modernista no Brasil entre 1920 e 1960. Antes disso, a exposição, que recebeu na Itália o nome de “Arte Moderna in Brasile”, e reúne 76 obras da coleção da Fundação Edson Queiroz, foi lançada em evento para convidados.
Em Roma, três espaços do prédio da embaixada foram reservados para exposição, o que vai permitir aos visitantes que, logo que entrem, já se deparem com obras de artistas brasileiros ou radicados no País, ilustrando cerca de quarenta anos de produções artísticas no Brasil.
A exposição é dividida em três núcleos: o que engloba os anos 20 e 40, com predomínio da arte figurativa, o que marca a transição da figuração para a abstração e o terceiro núcleo que reúne produções do fim dos anos cinquenta e anos sessenta, marcadas pelo abstrato informal, quando os artistas começam a trabalhar com outros materiais, como papel e areia.
Para a curadora da exposição, Regina Teixeira de Barros, a apresentação das imagens em blocos torna a exposição mais concisa e até mais aconchegante para o público. “Isso vai ser muito interessante para o visitante que não conhece arte brasileira, porque ele vai ter uma experiência muito marcante de sentir uma série de trabalhos de uma época, em cada sala, de perceber como na década de cinquenta isso muda de figura de uma forma radical, da figuração para a abstração, como isso acontece. Então, eu acho que o visitante italiano, estrangeiro ou mesmo brasileiro que não conhece muito a história da arte nesse período vai ter uma oportunidade muito bacana de perceber esse andamento da história”.
Randal Pompeu, vice-reitor da Universidade de Fortaleza, explica que a chegada da exposição a outros países começou com um projeto do chanceler Airton Queiroz.
“Essa ideia nasceu do Chanceler Airton Queiroz que tinha o seu sonho de mostrar essa exposição que foi montada por ele durante a sua gestão à frente da Universidade de Fortaleza e da presidência da Fundação. Ele queria mostrar para as pessoas a arte e a cultura. E esse sonho do chanceler Airton Queiroz só foi concretizado graças à continuidade que a atual presidente da Fundação, Lenise Queiroz Rocha, deu a esse trabalho, fazendo com que essa exposição viesse aqui para Roma”. O embaixador do Brasil em Roma, Antonio Patriota, se diz feliz com a exposição e ressalta a participação de obras de cerca de dez artistas ítalo-brasileiros, que nasceram na Itália ou que são descendentes de italianos.
Segundo ele, isso vai permitir que o público local, ainda pouco familiarizado com esse período da nossa arte, tenha uma verdadeira introdução à arte brasileira do século XX. “Somos muito agradecidos à Fundação Edson Queiroz, ao Ceará por nos permitir fazer essa apresentação de um acervo tão bonito”, finaliza o embaixador brasileiro.
A mostra que será exposta na capital italiana faz um recorte da coleção de obras pertencente à Fundação Edson Queiroz, que ao longo de 30 anos vem construindo uma das mais sólidas coleções de arte brasileira, contemplando todos os períodos da arte no País. A exposição “Arte Moderna in Brasile”, da Fundação Edson Queiroz, será lançada amanhã, e ficará aberta ao público de 2 de março a 5 de maio, na embaixada do Brasil em Roma, que funciona no Palazzo Pamphili, uma construção do século do XVII adquirida pelo governo brasileiro em 1960. O prédio imponente que tem a bandeira do Brasil ao alto fica numa das mais famosas praças de Roma, a Piazza Navona, dia e noite movimentada por romanos e turistas.
A praça concentra exemplos da arquitetura barroca, como a Igreja de Santa Inês em Agonia, e monumentos importantes, entre eles a “Fontana dei Quattro Fiumi”, ou “Fonte dos quatro Rios”, que representa os rios Nilo, símbolo da África; Ganges, da Ásia; Danúbio, da Europa; e Rio de la Plata, da América.
Exposição em Portugal


Antes de ir à Itália, a exposição, originalmente batizada de “Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz”, navegou às terras lusitanas pela primeira vez em outubro de 2017 e fincou espaço no Museu Coleção Berardo (Centro Cultural de Belém), em Lisboa, onde permaneceu em exibição até o dia 12 de fevereiro deste ano. A mostra já havia passeado pelas cidades brasileiras de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro desde 2015.
Em Portugal, as obras foram distribuídas em um espaço de 760 m² de área, tendo os arquitetos Daniela Alcântara e Rui Campos Matos como projetistas. De acordo com a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz, a exposição é importante regional e nacionalmente. “Eu sinto que esta exposição é de muita importância não só para a Unifor e para a Fundação Edson Queiroz, mas para o Estado do Ceará e, de uma certa forma, para o Brasil porque trouxemos 76 importantes obras do modernismo brasileiro para um continente que transpira arte”.
A mostra chegou a Portugal por meio de um interesse mútuo entre a Fundação Edson Queiroz e o Museu Coleção Berardo. Segundo a diretora artística do museu, Rita Lougares, houve uma preocupação extra com relação à didática a ser apresentada na exposição. “Decidimos trazer uma exposição sobre o modernismo porque acho importante não fazermos apenas coisas contemporâneas. O Modernismo Brasileiro não é muito conhecido em Portugal, tirando a partir dos anos 50”, afirmou.