2021 é um ano que chega carregado de grandes expectativas de bonança, liberdade, alegria e prosperidade… ou seja: de tudo aquilo que foi sonegado aos indivíduos no ano de 2020 influenciado em grande parte pela pandemia mundial do coronavírus.
As festas de ano trazem geralmente a falsa sensação, como já alertava poeticamente o Mário Quintana, de que a vida está recomeçando, quando, na verdade, ela está simplesmente continuando. Nesse sentido, e tratando mais especificamente do Brasil, a pandemia continua, a crise política e institucional continua, a estagnação econômica idem – e ao seu reboque, a inflação, o desemprego e a dificuldade na capacidade de investimentos públicos também!
Há um grande desejo coletivo de “voltar ao normal”, o que significa na maioria dos casos, voltar ao trabalho, ao cinema, ao supermercado, as festas públicas etecetera, ou, dito de outra forma: a tudo aquilo que demanda economia pujante, empregos e investimento público em larga escala, algo que parece ainda está um pouco distante da realidade de 2021.
O atraso e os atropelos na construção e efetivação de um cronograma de vacinas no País, reflexo do perfil nagacionista do presidente da república e do seu ministro da saúde, tendem a arrastar a crise em terras tupiniquim ainda por um período razoável, o que torna bastante difícil a retomada da economia, dos empregos e dos investimentos, pelo menos no ritmo desejado pelo sentimento de esperança que arrebata as pessoas na noite de réveillon.
Ainda mais, 2021 será marcado pela eleição da presidência da Câmara dos Deputados, o desempenho dos prefeitos eleitos em novembro de 20 e pela tomada de decisão do STF sobre a anulação da condenação do ex-presidente Lula e consequente retorno dele a arena eleitoral. A soma de todas essas circunstâncias leva a um quadro de incertezas que tende a manter as coisas em estado de letargia até que os cenários estejam claros e as mesas de negociações possam ser retomadas, tanto no mundo da política como entre a política e o setor privado.
Então, 2021 vai ser um desastre?
Tende a não ser o paraíso sonhado e esperado pelo imaginário coletivo das roupas brancas e amarelas da “noite da virada”, mas pode trazer avanços em relação a 2020 se o plano de vacinação do governo federal produzir o efeito da imunização necessária em tempo hábil, bem como se houver: a) mudança no modelo macroeconômico de matriz liberal estremada, patrocinado pela dupla Guedes – Bolsonaro b) sinalizações políticas e jurídicas vindas do Congresso Nacional e da Suprema Corte que apontem para a retomada de um pacto civilizatório comprometido com o espírito republicano, o respeito a Constituição e a defesa intransigente da Democracia, e; c) aumento no investimento público com repasses substancias às prefeituras para execução dos programas de proteção social e dinamização das economias locais.
Se esse conjunto de coisas acontecer, pelo menos em parte, é possível que haja um “feliz ano novo”. Caso contrário, o “adeus ano velho” tende a ficar por algum tempo no campo dos desejos.
Um 2021 de luta para todos e todas!