Subiu para quatro o número de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo vírus influenza A H1N1 no Ceará, neste ano. A informação foi divulgada ontem (19), em boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Aumentaram também os casos confirmados da doença no Estado, que chegam a 24. Diante da preocupação dos cearenses em relação ao vírus, que tem provocado corrida às clínicas particulares em busca da vacina, a Sesa orientou que os municípios iniciem hoje (20) a imunização dos grupos prioritários, inicialmente prevista para começar na próxima segunda (23).
Ainda segundo o boletim da Sesa, o Ceará também registrou um caso de SRAG causada pelo vírus A H3/Sazonal, e dois pelo vírus influenza B. Em nota técnica lançada na última terça-feira (17), o órgão havia confirmado oito casos de SRAG por influenza (sendo sete por H1N1 e um por influenza B) e 3 óbitos (todos por H1N1).
Vítimas
De acordo com a Sesa, sete municípios cearenses contabilizaram casos de SRAG por influenza dos subtipos A H1N1, A H3/Sazonal e influenza B. Já os óbitos foram confirmados em 4 cidades: Fortaleza (1), Eusébio (1), Iracema (1) e Solonópole. Destes, dois ocorreram em pacientes do sexo masculino e dois em pacientes do sexo feminino.
A superintendente de redes hospitalares e ambulatoriais da Sesa, Tânia Coelho, afirma que o órgão está acompanhando a evolução de casos no Estado e recomendando às unidades de saúde que notifiquem as ocorrências graves da doença. Segundo a gestora, embora os registros de SRAG por influenza em 2018 sejam inferiores ao total contabilizado em 2017 (36), a população deve se manter atenta às medidas de prevenção, uma vez que a quantidade de ocorrências é maior nesta época do ano.
“Sabemos que nessa época há um aumento de casos de doenças relacionadas à estação. As pessoas têm de ficar atentas, reforçar medidas de higienização e evitar aglomerados”, acrescenta a superintendente.
Tânia ressalta que a doença é comum e apresenta registros todos os anos. Em geral, casos mais graves são observados entre os chamados grupos de risco, dos quais fazem parte crianças menores de cinco anos, idosos com mais de 60 anos, pacientes com doenças crônicas, gestantes, puérperas e outros públicos. Para evitar alarme, ela orienta que a população acompanhe os dados somente a partir dos boletins do órgão.
“A população tem que acompanhar o boletim e não informações vagas que vêm aparecendo em grupos e que só assustam as pessoas”, acrescenta.
Ontem (19), a Sesa autorizou que os municípios iniciassem a vacinação contra a influenza nesta sexta-feira. Conforme a superintendente, grande parte das cidades já possui doses da vacina em estoque e, por isso, deve antecipar a imunização, que estava prevista para começar na segunda-feira (23). A ação será voltada para os grupos prioritários. Caso haja saldo de vacinas após o fim da campanha, marcado para 1º de junho, a imunização poderá ser disponibilizada para a população em geral.
Vacina
Tânia Coelho explica que a vacina encontrada nos postos de saúde é trivalente, oferecendo cobertura para três cepas do vírus influenza. Em relação à vacina tetravalente, ofertada em algumas clínicas da Capital, ela observa que ambas oferecem proteção contra o H1N1. “A cobertura das vacinas incluem os vírus que estão circulando. Não tem problema ser tri ou tetravalente, todas cobrem e não há contraindicação”, afirma.
No Ceará, 2,28 milhões de pessoas devem se vacinar. A imunização será disponibilizada nos postos de saúde com salas de vacina, hospitais, postos volantes e instituições de idosos.
Procura em clínicas particulares continua alta


A contaminação pela Influenza H1N1 continua gerando medo na população de Fortaleza, inclusive em clínicas particulares, onde o valor da dose chega a custar R$140. Ontem, uma fila que se iniciava em frente à Clínica de Vacinação Dra. Núbia Jacó, na Aldeota, impressionou pelo tamanho e se estendeu por toda a Rua Osvaldo Cruz, até a Rua Maria Tomásia.
Na instituição, todas as vacinas que estariam disponíveis pelo restante do ano de 2018 se esgotaram nos últimos dois dias. Hoje, somente 200 senhas para a dose tetravalente da vacina contra o vírus foram distribuídas. “Não temos condições humanas para abarcar todo esse público. É por isso que acabou”, revela o diretor da clínica, o médico João Cláudio Jacó.
Por lá, as doses tetravalentes para crianças entre 6 e 36 meses estão garantidas. As doses para adultos só deverão ser repostas na próxima terça-feira (24). Na clínica Imunize, que também teve alta procura desde a semana passada, todas as vacinas já se esgotaram, com previsão de chegada para esta sexta-feira (20).
A pediatra e proprietária da clínica, Núbia Jacó, desabafa que a voz anda faltando, “de tanto explicar as contraindicações e sobre reações”. “Não se preocupe. Essa (a trivalente) é uma vacina de agente mortos, que foram fragmentados e inativados. Por isso, não vai haver reação”, explica a médica aos cinco membros da família Pitombeira, todos prestes a se vacinar.
Atendimento
A técnica de enfermagem Alzenir Guimarães, 62, levou dona Maria Vanir, idosa de quem cuida, e mais quatro membros da família para tomarem a vacina. Todos eles já haviam tentado na terça-feira (17), quando foram duas vezes no mesmo dia na clínica, sem sucesso. Ontem, conseguiram o atendimento de número 169, tendo esperado mais de 3 horas na fila.
“Precisamos nos preocupar, ficar alertas. E assim combater esse vírus. Todo ano nós estamos aqui, neste mesmo período, para nos precaver. Mas nunca foi como esse ano. Está muito mais difícil. Mas não podemos desistir, principalmente tratando-se de crianças e idosos, que merecem ainda mais cuidados”, destaca Alzenir. A trivalente é, de fato, uma vacina segura. O Ministério da Saúde adverte que, em geral, as reações são leves, como dor e sensibilidade no local onde se tomou a injeção. Esta modalidade protege o paciente contra os três vírus que mais circularam no Hemisfério Sul: H1N1, H3N2 e B/Phuket/3073/2013.
Diferença
A principal diferença entre ela e a quadrivalente é que a tetra protege também contra a gripe comum. A tri está custando, em média, R$120, enquanto a tetra, R$140. Antes da entrada na clínica, quem conseguiu uma senha insistia com perguntas aos funcionários. Os colaboradores avisavam que, com a ameaça do H1N1, qualquer uma das vacinas servia.