sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Com Mais Nutrição, Ceará tornou-se referência no combate à fome

Em meio à pandemia, imagens de pessoas revirando carcaças e ossos de animais para se alimentar chocaram o mundo e acenderam um alerta, a fome ainda atinge mais de 33 milhões de pessoas no Brasil. Os dados foram divulgados no ano passado pelo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Brasil (Vigisan), elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan). A pesquisa também apontou que no Ceará, 2,4 milhões de pessoas ainda acordam sem saber o que vão comer. Em meio a esse cenário, uma fagulha de esperança e solidariedade vem reverberando em políticas públicas de combate à fome no Estado. O Programa Mais Nutrição completa quatro anos de atuação neste mês de junho e chegou a marca de mais de três milhões de quilos de alimentos doados para entidades que atendem crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar.

Cerca de 30 mil pessoas são beneficiadas com as doações do Mais Nutrição. Dentre elas, estão 500 crianças e adolescentes do Grande Vicente Pinzón, que têm entre 5 e 17 anos, atendidos pelo Instituto Povo do Mar (IPOM). A entidade realiza diversas atividades de arte, cultura e lazer na Praia do Futuro, além de entregar uma média de mil refeições por dia.

Pedro Henrique (18) conta que chegou ao Instituto Povo do Mar quando tinha apenas 10 anos de idade, e que foi na instituição que ele encontrou sua vocação. “Hoje trabalho na comunicação do instituto e tenho muito orgulho de poder ver crianças que vêm do mesmo território em que eu cresci, se desenvolvendo através dos nossos projetos, seja no surf, no teatro ou no esporte”, conta Pedro.

Na hora da merenda, os pequenos se divertem e experimentam as texturas e sabores das frutas que vêm direto da fábrica do Mais Nutrição. Larissa Barros é a nutricionista responsável pelas refeições do Instituto e conta que muitas das crianças nunca tinham experimentado em casa algumas das frutas que são ofertadas na hora do lanche. “Nós ofertamos laranja, melão e mamão no modo natural para que eles aproveitem todo o sabor e valor nutricional da fruta. Também utilizamos as frutas mais maduras para fazer vitamina e sempre variamos as refeições para que eles se instiguem a experimentar e conhecer coisas que nunca tinham comido antes, como é o caso da abóbora e do melão”, reforça a profissional.

“Comer é uma necessidade básica para qualquer ser humano e não adianta desenvolvermos atividades de educação e falar em transformação social, se as crianças e adolescentes que atendemos não têm o mínimo, que é uma alimentação diária rica em nutrientes para que se desenvolvam. E esta tem sido uma das nossas missões, ofertar também para eles uma alimentação saudável, dar acesso a alimentos que eles não têm em casa”, reitera a diretora do Instituto Povo do Mar, Fabrini Andrade, que também reforçou a importância da parceria com programas como o Mais Nutrição. “Recebemos as doações do Mais Nutrição, duas vezes ao mês, e isto foi o que nos possibilitou aumentar o número de refeições das nossas crianças e adolescentes. Então essas doações têm feito uma diferença imensa na vida destes pequenos e na nossa, que temos a alegria de vê-los crescendo e se desenvolvendo tão bem”, complementa Fabrini.

“O Mais Nutrição integra o Mais Infância Ceará, e ao longo destes quatro anos se fortaleceu enquanto política pública de combate à fome no nosso Estado. Um programa que enxergou oportunidade de levar comida de qualidade às pessoas que mais necessitam onde tinha desperdício de alimentos. Nós estamos transformando a realidade de cerca de 30 mil pessoas que são atendidas cotidianamente pelas 134 entidades beneficentes do programa e isto nos fortalece para seguir cuidando e investindo nas políticas de combate à fome no Ceará”, reitera a titular da Secretaria da Proteção Social (SPS) e idealizadora do Programa Mais Nutrição, Onélia Santana.

A secretária acrescenta que, a partir dos resultados positivos do programa, as instituições credenciadas passaram a fazer parte de outros programas sociais, como é o caso do Vale Gás Social. Anualmente, as cozinhas sociais recebem seis tíquetes e as entidades nove tíquetes. Cada tíquete equivale a uma recarga de botijão de gás.

As doações do Mais Nutrição também chegam à cozinha social do Instituto Compartilha, que fica no bairro São João do Tauape e vem alimentando por dia, uma média de mil pessoas em situação de rua, catadores de material reciclável e famílias em situação de vulnerabilidade. À frente da iniciativa, frei Nailson Neo ressalta que após a pandemia a insegurança alimentar aumentou muito e que muitas vezes as doações das quentinhas e das sopas são a única alimentação que eles têm no dia.

“Atendemos as comunidades do Jambalaya, que ficam próximo ao Lagamar, a comunidade das Placas, no Vicente Pinzón e Serviluz, e fomos conquistando, aos poucos, a confiança deles e hoje eles já nos procuram quando precisam de ajuda com algum encaminhamento para retirar documentação ou qualquer outro serviço público. Esses dias encontramos uma mãe que não tinha identidade e suas duas crianças não estavam registradas. Marcamos a ida dela no Vapt Vupt e vamos acompanhá-la junto das crianças nesse processo, quer dizer, são pequenas vitórias que vão promovendo a inclusão desse público na nossa sociedade”, pontua Frei Nailson, que também recebe os tíquetes do Vale Gás Social para auxiliar no preparo dos alimentos da cozinha social.

Comida no prato

O Mais Nutrição já distribuiu alimentação saudável e nutritiva a cerca de 30 mil pessoas, vinculadas a 134 entidades comunitárias e cozinhas sociais, reduzindo a fome de milhares de famílias nos municípios de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, e do Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, no Cariri. Os produtos são doados à SPS, por permissionários e entidades públicas e privadas, nas sedes do Programa, nas centrais de abastecimento (Ceasa) de Maracanaú e Barbalha.

O programa busca também combater o desperdício, estimular o aproveitamento e repasse de alimentos excedentes, em condições adequadas de consumo; incentivar a própria produção domiciliar e comunitária, bem como promover o abastecimento e a distribuição, garantindo o alimento como direito constitucional da população.

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