O Ciclo de Reis 2023-2024 de Juazeiro do Norte movimentou o setor cultural e garantiu participação a mais de 50 grupos de tradição.
A programação do evento, iniciada no último dia 20 de dezembro, com o cortejo cultural pelas ruas da cidade, terminou na última sexta-feira, 5, pouco antes da data estimada – Dia de Reis, comemorado em 6 de janeiro. A antecipação ocorreu em virtude do falecimento do Mestre da Cultura, Cícero Frank Severino da Silva, “Mestre Cicinho”, do Reisado Manoel Messias, de Juazeiro.
O Ciclo de Reis 2023-2024 foi realizado na Praça Padre Cícero e também nos terreiros dos mestres, e teve frequência de público muito rica. A cada dia de apresentação, passaram, pela praça, cerca de 200 pessoas, prestigiando as festividades, que apresentaram bandas cabaçais, maneiro-pau, mamulengo, guerreiros, bacamarteiros, grupos de coco e reisado.
0 Ciclo de Reis, promovido pela Secretaria de Cultura – Secult, pode contar, também, com a participação do Grupo de Luizinho Barbosa e o Reisado de Pombal-PB, e do Grupo Pastoril Estrelinha de Belém, de Várzea Alegre.
O líder do Reisado São Francisco e do Grupo de Coco, Francisco Joventino da Silva, conhecido como Mestre Dodô, fala que a “terreirada é uma grande festa no terreiro do mestre, que reúne pessoas do Estado do Ceará, do Nordeste e do Sul do país”. O Mestre também comenta que o Reisado São Francisco tem 22 anos de vida. “Eu tenho brincantes com 81 anos. O mais novo é Levi, meu neto, e espero que, quando eu não puder mais, ele tome de conta”. O grupo de Reisado tem, hoje, 19 integrantes, e o de Coco, 17.
Para o segundo embaixador, Joventino Neto, “é uma satisfação imensa ter a responsabilidade de levar esse legado. O Reisado São Francisco é um dos mais tradicionais de Juazeiro do Norte, e eu carrego comigo essa responsabilidade de passar para os meus sobrinhos, que também brincam, esse legado. Tentar sempre ensinar da melhor maneira possível a nossa forma de brincar e o nosso jeito de levar a cultura”, diz.
Wagner Sousa, diretor de Produção da Secult, comenta sobre o Ciclo de Reis como o maior encontro da tradição do Estado do Ceará. “A gente movimenta uma cadeia e uma economia criativa tanto dos grupos quanto dos brincantes, costureiras que fazem as roupas, e o comércio que os brincantes compram suas indumentárias para participar”, afirma.
A líder do Grupo de Coco Frei Damião, Marinez Nascimento, entrou no coco em 2006 e formou o grupo somente com mulheres. Atualmente, tem 22 integrantes.
Segundo Marinez, “a mulher tem que estar onde ela quiser, porque ela luta para formar o seu espaço, o que não quer dizer que o homem também não pode participar”. Ela completa que “o meu coco dança quem quer, é só se juntar a nós e a gente tá aqui pra receber todo mundo”.
Seu grupo se destaca pelas composições próprias, escritas pela mestra. Marinez diz buscar letras e arranjos da música a partir de suas vivências por ter nascido e se criado na cultura do coco, reisado, maneiro-pau e banda cabaçal.
O secretário de Cultura, Vandinho Pereira, afirma que o Ciclo de Reis já se tornou um dos eventos mais importantes para a cultura popular de Juazeiro do Norte. “São mais de 50 grupos participando de um único encontro, na Praça padre Cícero e em seus terreiros, descentralizando a manifestação e gerando grande público. Isso mostra a importância que vem sendo dada a essa manifestação cultural. A gestão tem investido em recursos no sentido de garantir aos grupos um fomento, um recurso para que melhorem suas indumentárias e que possam investir na perpetuação do saber e da manifestação cultural. O Ciclo de Reis também gera emprego e renda para a cidade”, destaca o secretário.