Nesta quinta-feira (23), às 19h, na unidade caririense do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), acontece o lançamento do livro intitulado “Gilmar de Carvalho apresenta – Textos para João Pedro do Juazeiro“.
A obra traz textos inéditos escritos pelo professor e pesquisador Gilmar de Carvalho abordando temas da arte, cultura popular, tradição e a cidade de Juazeiro do Norte. O livro também homenageia seu grande amigo, João Pedro do Juazeiro: Mestre da cultura do cordel e da xilogravura, poeta, escritor, editor, pesquisador e arte educador.
Gilmar de Carvalho, natural do município de Sobral, interior do Ceará, era Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo e Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Era professor do Departamento de Comunicação Social desde 1984 e integrante do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC desde 2004.
Gilmar pesquisava atividades de ateliês xilográficos da região do Cariri, como a Lira Nordestina em Juazeiro do Norte, acompanhando a produção de várias edições de livros de cordel, álbuns de gravuras e matrizes. Faleceu em abril de 2021 vítima da Covid-19, deixando uma vasta obra que se estende para muito além da sua ausência física.
“Um pesquisador nada óbvio, apaixonado por um ‘Padre Cícero pop’ e encantado pelas estátuas do santo que dividiam espaço com as imagens de Madonna, a cantora, nas feiras de Juazeiro do Norte, no Ceará. Gilmar de Carvalho era devoto das tradições em movimento, fiel incentivador dos saberes da terra”, define a jornalista Beatriz Jucá.
João Pedro nasceu em Ipaumirim, mas foi criado na cidade de Juazeiro do Norte. Já crescido, quando decidiu enveredar pelo caminho da arte, resolveu adotar o nome da terra que o havia adotado antes. “Eu tive uma infância maravilhosa. Naquela época, Juazeiro vivia toda a força da efervescência religiosa despertada pela figura do Padre Cícero. Cresci ouvindo histórias de santos, beatas e cangaceiros”, conta João Pedro do Juazeiro, que aos 18 anos já tinha lançado seu primeiro cordel.
Suas primeiras xilogravuras vieram mais tarde, em 1998, período em que ele se cadastrou na CeArt e também se tornou amigo do professor e pesquisador, Gilmar de Carvalho.
“O Gilmar me mostrou que eu, um matuto do sertão, poderia sim ensinar meu ofício dentro da universidade e que o que eu fazia era cultura popular e precisava ser apresentado para outras gerações. O Gilmar nos deixou um legado riquíssimo. Ele nos mostra como a literatura sai de apenas uma ilustração nas capas dos cordéis e ganha o status merecido de obra de arte”, constata o artista.