O ex – árbitro Guilherme Ceretta de Lima trocou de papel no futebol. No último domingo, ele fez a estreia como treinador do International Soccer Association (ISA), time da Flórida, na United Premier Soccer League (UPSL), liga de futebol semi-profissional dos Estados Unidos. E a estreia veio com goleada de 6 a 0 sobre o West Park FC, na rodada de estreia da conferência Sudeste do torneio.
Eleito por duas vezes o melhor árbitro de São Paulo, Ceretta era um dos principais nomes de uma geração que prometia renovar a arbitragem brasileira. No entanto, divergências com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e diversas polêmicas dentro e fora de campo, fizeram o árbitro deixar o Brasil em busca de nova carreira nos Estados Unidos.
“Feliz pela oportunidade, já falei em outras vezes que sempre foi meu sonho. Já fiz alguns trabalhos nesta função, obviamente tive aprendizados com vitórias e derrotas. É mais uma etapa para que passamos, espero estar um dia à frente de um clube de expressão, espero ter muito sucesso. Sabemos que é tudo muito novo, mas temos muito brasileiros no time e isso nos dá uma condição melhor, ajuda no conhecimento tático” disse o árbitro e agora treinador.


A relação entre treinadores e árbitros sempre foi tênue entre o respeito e a falta dele, muitas vezes. Alvo de muitas reclamações nos tempos de árbitro no Brasil, Ceretta admite que como técnico o hábito de reclamar não será deixado de lado, mas promete implementar nova filosofia para evitar que os jogadores reclamem excessivamente ao longo dos jogos.
“Sempre fui gente boa com os treinadores, obviamente que não pode faltar respeito e vai ser do mesmo jeito. Todo mundo quer ganhar, nós não deixamos de reclamar. Torço para que possamos ser justos e se uma vitória não vir, torço para que não haja interferência. Automaticamente, os erros vão acontecer, temos que estar preparados para assimilar a derrota se ela vier com algum erro de arbitragem, e que meu time não seja taxado de chato. Muitas equipes são reflexos dos treinadores, que induzem os jogadores a fazer faltas” brinca o árbitro/treinador.


Apesar da nova profissão no futebol, Guilherme Ceretta de Lima não esconde o desejo de voltar a apitar. Eleito duas vezes o melhor árbitro do Campeonato Paulista e ex-aspirante ao quadra da Fifa, o agora treinador não descarta trocar novamente de lado e comandar o apito. Atualmente, Ceretta apita jogos das categorias de base nos Estados Unidos.
“Uma vez árbitro, sempre árbitro. Obviamente que precisamos estar focados no presente, mas se aparecer a oportunidade de atuar em grandes jogos, será muito bem vinda, porque ainda estamos tentando alcançar alguns objetivos neste segmento. O futuro a Deus pertence” disse.
Carreira
Guilherme Ceretta de Lima conquistou relativo sucesso na carreira como árbitro. Apitou duas finais do Campeonato Paulista (2013 e 2015), sendo aspirante ao quadro da Fifa. Porém, a promissora carreira esbarrou em problemas com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mais precisamente com o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), Sérgio Corrêa.
Contrário aos rumos da CBF, Ceretta optou por deixar o quadro de árbitros da entidade alegando sofrer preconceito por ter carreira paralela de modelo. Meses depois, anunciou a “aposentadoria” e se mudou para os Estados Unidos, com o sonho de apitar no país e ser treinador.


Ceretta também protagonizou polêmica com o atacante Dudu, do Palmeiras, que acabou expulso da final diante do Santos por ter empurrado o árbitro em duelo na Vila Belmiro. O caso agora corre na Justiça, com o atacante do Palmeiras condenado, em primeira instância, a pagar R$ 25 mil.