Nos últimos trinta dias o Cariri, bem como as demais regiões do país, tem registrado um aumento significativo nos casos de contaminação pelo vírus da Covid-19 e Influenza. Como sendo uma coinfecção simultânea, esse fenômeno em uma mesma pessoa vem sendo chamados de “flurona”, junção das palavras “flu” (gripe, em inglês) e “coronavírus”. Por isso, pesquisadores e laboratórios tem tornado possível uma mais rápida identificação deste tipo de contaminação, uma vez que houve também aumento na procura por testes.
O primeiro caso de coinfecção de Covid-19 e Influenza foi identificado em Israel e notificado no final de dezembro de 2021. Já no Brasil, ao menos sete estados e o Distrito Federal confirmaram casos de coinfecção. A situação mais preocupante tem sido com a nova onda do coronavírus no Cariri, que teve taxa de positividade acima de 50%. Só em Juazeiro do Norte, em relação ao total de exames nas últimas 48 horas, a taxa de positividade passou de 15% para 24%. Apesar de haver a necessidade de mais centros de testagem, as gestões públicas ainda carecem de centros de diagnóstico especializado e rápido para casos de “flurona”.
Aumento de casos
Em conversa com o Farmacêutico Bioquímico e diretor clínico do Laboratório LAMIC, Leonardo Bezerra, este buscou fazer uma relação direta com o aumento de contaminações e as causas para que houvesse essa nova onda, ainda mais forte, de infecções por outras doenças respiratórias. Segundo ele, sem sombra de dúvidas a principal justificativa para esta questão foram as festas de final de ano.
“Infelizmente as reuniões entre amigos e familiares, mas principalmente os grande eventos, provocaram aglomerações de pessoas e isso levou novamente a disseminação dos vírus que provocam doenças respiratórias. A variante Ômicron do SARS-COV-2 é menos agressiva, logo desenvolve sintomas mais leves, entretanto sendo mais transmissível facilmente se disseminou em eventos como as reuniões de Natal e as festas de final de ano. E é claro que não podemos esquecer dos vírus como o da Influenza e o vírus sincicial respiratório, outros dois vírus que tem as mesmas formar de contaminação e também provocaram aumento nos casos de síndromes respiratórias nas últimas 4 a 6 semanas.”, afirma o farmacêutico.
Há ainda uma relação direta destes casos com o consumo gigantesco de exames laboratoriais devido a altas taxas de transmissão destes vírus. O que acabou levando ao consumo superior a 400,0% testes laboratoriais quando comparado com os últimos 25 dias do mês de dezembro de 2021. “É notório que ao longo das últimas semanas o percentual de casos positivos foi subindo. Em nosso laboratório (uma faixa representativa da sociedade) chega ao final da última semana a uma taxa de 75,0% de testes positivos realizados por dia, mas a média de testes positivos este mês está em torno de 46,0%.”, afirma Leonardo.
Teste unificado
Uma das principais soluções ofertadas por laboratórios tem sido a chamada testagem unificada, ou exames que apresentem laudos para ambas ou até mais infecções respiratórias além da Covid-19 e Influenza. Nisto, o diretor clínico do LAMIC ressalta a importância desta “resposta” unificada ao aumento das contaminações, apresentando solução pioneira no Cariri com este tipo de testagem, também ressaltando que as demais infecções respiratórias também merecem atenção e cuidados redobrados.
“Desde o início da pandemia eu sempre defendi que fizéssemos uso de painéis virais. Durante meses o que mais escutava era ‘só preciso fazer exame para Covid-19, porque se for outro vírus de gripe tem problema não’. Isso é um grande erro. A negligência da sociedade para a vacina contra o vírus Influenza acabou levando a um surto desta gripe pelo país e hoje temos um necessitadas realmente de valorizar os painéis para um diagnóstico mais acertado de qual infecção está acontecendo em cada pessoa que procura os serviços médicos e os exames laboratoriais”, afirma.
Pensando nisso, desde de o momento que pacientes antigênicos (pesquisa de mais de uma antígeno viral) e os painéis virais pela técnica do RT-PCR ficaram disponíveis, o Laboratório LAMIC adquiriu-os e os oferta para a sociedade caririense. Além de termos um diagnóstico mais assertivo, os benefícios são também a possibilidade de do diagnóstico de coinfecção a partir de uma única coleta laboratorial de secreção da nasofaringe, algo que já tem sido relatado em todo o território nacional.
Cuidados
O melhor cuidado ainda é a prevenção, e no caso de infecções virais de doenças respiratórias, o isolamento e o cuidado no diagnóstico correto aumentam as chances na diminuição da transmissão, bem como a redução nos casos.
“As pessoas que apresentam sintomas gripais devem entrar em isolamento domiciliar e buscar se submeter a exames de pesquisa antigênica ou RT-PCR para diagnóstico de doenças como Covis-19 e Influenza. Lembramos que estas pessoas devem ser submetidas aos exames laboratoriais após as primeiras 24 horas de sintomas até o sétimo dia de sintomas. Sendo preferível que está testagem ocorra sempre entre o 3° e o 5º dia dos sintomas. E que permaneçam em isolamento até o sétimo dia caso os sintomas já não existam mais a pelo menos 24 horas. Com a persistência dos sintomas o protocolo se estende a dez dias ou a 14 dias.”, diz Leonardo.
O farmacêutico ainda afirma que é necessário antenar para um prazo mais assertivo no isolamento. “A minha opinião é que as pessoas permaneçam em isolamento pelo tempo mínimo de 10 dias, pois vemos na prática que alguns exames realizados em pessoas com sete dias de isolamento permanecem positivos para a presença do vírus na secreção de nasofaringe, e por isso na presença de sintomas isso ainda é um indicador de infecção ativa e aumentando assim o risco de transmissão do vírus, conclui.
