A Polícia Civil de São Paulo pediu à Justiça a apreensão de um adolescente de 17 anos suspeito de ser o terceiro envolvido no ataque à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), que deixou dez mortos e 11 feridos na quarta-feira, 13. Ele também é ex-aluno da escola e estudou com o adolescente da mesma idade que, segundo a Polícia, liderou o ataque. A participação do novo suspeito teria ocorrido na fase de preparação.
O suspeito foi levado na manhã desta sexta-feira (15) ao Fórum da cidade. No Fórum, ele será ouvido num primeiro momento pelo promotor da Vara da Infância e Juventude. Em seguida, vai para a sala de audiência de apresentação (não é de custódia). A partir daí, a juíza pode determinar a internação imediata ou o acompanhamento assistido.
De acordo com o delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, o massacre estava sendo planejado pelo menos desde novembro e as conversas entre os dois rapazes de 17 anos e Luiz Henrique de Castro, 25, ocorriam principalmente de forma presencial, já que moravam perto. Ainda está sendo realizada perícia nos equipamentos apreendidos para apurar suspeita de que fóruns da deep web incitaram a barbárie.
“Eles não se sentiam reconhecidos na comunidade que faziam parte e queriam agir como em Columbine, com crueldade. Este era o principal objetivo: a repercussão”, disse Fontes. O delegado detalhou que a besta, o machado e as roupas táticas foram adquiridos pelo site Mercado Livre, plataforma que permite vendas diretas entre comerciantes e consumidores.
Enquanto a investigação do crime continua, amigos e familiares das vítimas lidam com a despedida.
O velório coletivo de duas funcionárias e cinco alunos executados na escola estadual teve mais de 15 mil pessoas, que formaram filas e chegaram até em ônibus escolares.
Os corpos foram velados a partir das 7 horas, na Arena Suzano, até o fim da tarde. Na multidão que foi ao local, muitos choravam, mesmo sem conhecer as vítimas. As lágrimas se multiplicavam também entre voluntários, funcionários públicos e alguns jornalistas.
Entre os parentes, que ficaram em uma área cercada dentro do ginásio, a emoção ainda era maior. Grades separavam a área onde estavam os corpos e as famílias das vítimas. Ao lado, um corredor foi destinado à passagem da população que prestava homenagens. Mesmo após o fim do culto, famílias continuaram a entoar canções cristãs, enquanto os parentes continuavam junto dos caixões. Alguns alunos vestiam o uniforme preto da Escola Estadual Raul Brasil, local do massacre. Na missa na parte central do ginásio, foi lido o nome das vítimas. E feito o pedido: “Sim à paz”.