sexta-feira, 17 de maio de 2024

Miopia e até mesmo enxaqueca são fatores de risco para o glaucoma

Apesar de o glaucoma ser uma das principais causas de cegueira irreversível em todo o mundo, cerca de 70% da população brasileira nunca ouviu falar da doença. Esse dado é de uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Oftalmologia.

O conhecimento sobre os fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento do glaucoma é essencial. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior será a chance de impedir a perda visual completa.

Fatores de Risco do Glaucoma: Você sabe quais são?

Existem diversas condições, características, hábitos e problemas de saúde que aumentam a chance de uma desenvolver doenças. Essas condições são chamadas de fatores de risco.

Idade

O risco de desenvolver um glaucoma aumenta com a idade. A doença é mais prevalente em pessoas com acima dos 40 anos e o risco fica maior com o passar dos anos. Uma das hipóteses é que o envelhecimento provavelmente contribui para a vulnerabilidade do nervo óptico.

“Com isso, o nervo óptico é menos capaz de suportar condições adversas, como o aumento da pressão intraocular (PIO). O envelhecimento também provoca alterações nos tecidos das estruturas oculares, como a malha trabecular, o que pode afetar a drenagem do humor aquoso”, diz a especialista.

Para além disso, os pesquisadores apontam que doenças crônicas típicas do envelhecimento também contribuem no aumento do risco de glaucoma em pessoas com mais idade.

Doenças que afetam a circulação sanguínea

Exemplos: Apneia do sono / Enxaqueca/ Diabetes / Hipotensão/Colesterol alto/ Hipertensão Arterial

Todas estas doenças têm em comum o fato de levarem à redução do fluxo sanguíneo para as células em geral, incluindo para as do nervo óptico.

“A má circulação mata as células nervosas por falta de oxigênio e a partir disso ocorrem os danos no nervo óptico. Em geral, pessoas com estas doenças podem desenvolver o glaucoma de tensão normal, subtipo do glaucoma de ângulo aberto”, explica Dra. Maria Beatriz.

Miopia

A miopia é um fator de risco para o desenvolvimento do glaucoma. Quanto maior o grau, maior a chance.  A forma mais preocupante é a miopia patológica/degenerativa. Embora rara, essa condição provoca alterações irreversíveis na parte de trás do olho, como retina, cristalino e nervo óptico.

“Como existe essa relação da miopia com o glaucoma, todas as pessoas que são míopes devem fazer um acompanhamento anual com o oftalmologista. As que mais devem se preocupar são àquelas com graus médios (2 a 3 graus)”, alerta a especialista.

Histórico familiar da doença

O glaucoma tem forte ligação com alterações genéticas comuns em pessoas da mesma família. Portanto, quando há histórico familiar da doença, a prevenção por meio de consultas oftalmológicas de rotina é essencial e deve ser feita de forma precoce.

Outros problemas oculares

Existem diversas doenças oculares que podem desencadear um glaucoma. Vamos falar sobre algumas delas.

  • Síndrome da dispersão pigmentar: Trata-se de uma condição em que há liberação de pigmentos da íris. Essas substâncias se acumulam na parte de trás do globo ocular e isso afeta a drenagem do humor aquoso. A consequência é o aumento da PIO que causa danos no nervo óptico ocasionando o chamado glaucoma pigmentar;
  • Doenças inflamatórias que afetam estruturas envolvidas na produção e drenagem do humor aquoso. Entre elas podemos citar a uveíte e esclerite;
  • Catarata avançada;
  • Problemas na retina como hemorragia, descolamento ou obstrução dos vasos sanguíneos podem prejudicar a drenagem do humor aquoso e isso aumenta a pressão intraocular (PIO) levando ao glaucoma.

Trauma ocular/craniano

Os traumas oculares e cranianos podem causar sérios danos no nervo óptico e em outras estruturas oculares envolvidas na drenagem do humor aquoso. O glaucoma secundário por trauma pode levar ao aumento repentino da pressão intraocular com graves consequências para visão.

Uso de medicamentos

Poucas pessoas sabem, mas existem medicamentos que podem aumentar a pressão intraocular. Alguns podem provocar uma crise aguda de glaucoma de ângulo fechado e outros podem dificultar o controle da pressão intraocular em quem já tem diagnóstico de glaucoma.

“Os corticoides, também chamados de corticosteroides, são uma classe de medicamentos anti-inflamatórios usados em diversas doenças. O uso de colírios a base de corticoides é uma causa frequente de glaucoma. Por isto, não se deve usar colírios por conta própria”, ressalta a médica.

Entre outros fármacos podemos citar remédios antigripais, antialérgicos, medicamentos para depressão e topiramato (indicado para epilepsia). Além disso, a retirada brusca de medicamentos anti-hipertensivos também pode causar aumento da pressão intraocular.

Tabagismo

“Fumar pode ter vários efeitos prejudiciais no sistema visual. Muitos compostos ativos encontrados no cigarro são tóxicos para os tecidos oculares. Alguns causam problemas na circulação sanguínea do nervo óptico. A geração de radicais livres também pode gerar danos nas células nervosas, humor aquoso e malha trabecular (responsável pela drenagem do humor aquoso)”, adiciona a oftalmologista.

Como você viu, há inúmeros fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento do glaucoma. Alguns são modificáveis e outros não. “Desta forma, a melhor maneira de prevenir a doença ou obter o diagnóstico de forma precoce é realizar uma consulta oftalmológica anual.

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