O presidente Jair Bolsonaro, em discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos, disse que vai abrir a economia brasileira para o mundo e colocar o país entre os 50 melhores para se fazer negócio.
No discurso de seis minutos, Bolsonaro afirmou que:
- o governo investirá “pesado” em segurança para que estrangeiros visitem mais o Brasil
- pretende “avançar” na compatibilização de preservação ambiental edesenvolvimento econômico
- diminuirá a carga tributária para “facilitar a vida” de quem produz
- trabalhará pela estabilidade macroeconômica
- respeitará contratos
- promoverá privatizações
- buscará o equilíbrio das contas públicas
- colocará o Brasil no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios
- fará a “defesa ativa” da reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC)
- defenderá a família e os “verdadeiros” direitos humanos
- protegerá o direito à vida e à propriedade privada
- promoverá uma educação voltada aos desafios da “quarta revolução industrial”
O presidente ressaltou em diversos momentos que pretende intensificar as relações comerciais do Brasil e atrair investidores para o país.
“O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste governo”, disse o presidente. “Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia”, completou.
Segundo ele, o prazo para incluir o país no ranking dos 50 melhores para se fazer negócio é o final do mandato. Em uma lista divulgada pelo Banco Mundial em outubro de 2018, o país estava na 109ª posição.
“Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios”, disse o presidente.
Bolsonaro afirmou ainda que vai se empenhar para aprovar as reformas “de que precisamos e que o mundo espera de nós”.
No discurso, ele não mencionou nenhuma reforma especificamente. Depois, numa sessão de perguntas e respostas com o presidente-executivo do Fórum, Klaus Schwab, o presidente citou a reforma da Previdência e a tributária.
Em linhas gerais, Bolsonaro ainda expôs quais são as metas que o governo vai buscar na economia. Ele destacou a diminuição da carga tributária e uma simplicação das normas para estimular o setor produtivo. O presidente também disse que o governo vai realizar privatizações e agir para equilibrar as contas públicas.
“Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas”, disse o presidente no discurso.
Sem ‘viés ideológico’
Bolsonaro enfatizou que o Brasil vai construir parcerias no cenário internacional sem o que chamou de “viés ideológico”.
“Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir”, disse o presidente.
Na sessão de perguntas e respostas, ele afirmou que o Brasil pretende fazer negócios com todos os países “que comungam com práticas semelhantes à nossa”.
Meio ambiente
Havia uma expectativa em torno da abordagem que Bolsonaro daria em sua discurso ao tema da preservação ambiental. O Brasil é reconhecido na comunidade internacional como um dos países protagonistas mo debate sobre meio ambiente. No entanto, declarações de Bolsonaro depois de eleito geraram dúvidas sobre a atuação do país nessa área.
No discurso em Davos, Bolsonaro disse que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e afirmou que o governo quer compatibilizar preservação ambiental e biodiversidade com avanço econômico.
“Nossa missão é avançar na compatibilização da preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico”, afirmou.
“Hoje, 30% do Brasil são florestas. Então, nós damos, sim, exemplo para o mundo. O que pudermos aperfeiçoar, o faremos. Nós pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação do meio ambiente”, complementou o presidente depois do pronunciamento, na sessão de perguntas e respostas.
Veja abaixo a íntegra do discurso:
“Boa tarde a todos!
Muito obrigado, professor Schwab!
Agradeço, antes de mais nada, o convite para participar deste fórum e a oportunidade de falar a um público tão distinto.
Agradeço também a honra de me dirigir aos senhores já na abertura desta sessão plenária.
Esta é a primeira viagem internacional que realizo após minha eleição, prova da importância que atribuo às pautas que este fórum tem promovido e priorizado.
Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo.
Nas eleições, gastando menos de 1 milhão de dólares e com 8 segundos de tempo de televisão, sendo injustamente atacado a todo tempo, conseguimos a vitória.
Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica.
Temos o compromisso de mudar nossa história.
Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção.
Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós.
Aqui entre nós, meu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.
Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!
Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis.
Os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco.
Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós.
Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos.
Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.
O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo.
Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios.
Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir.
Para isso, buscaremos integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, como aquelas que são adotadas e promovidas pela OCDE.
Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.
Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia.
Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria.