Quando a perícia da Polícia Federal no Museu Nacional for encerrada e os trabalhos emergenciais de contenção estiverem concluídos, equipes de arqueólogos que já estão em treinamento entrarão no palácio em busca do que pode ser salvo. A previsão é de que as operações de regate de peças levem pelo menos até o fim do ano para serem concluídas. A reconstrução do palácio só poderá começar após o término desse trabalho.
“O trabalho agora é de arqueologia, temos uma área acidentada com várias camadas sobrepostas e acervos que eram muito frágeis”, disse o diretor administrativo do museu, Wagner William Martins. “A casa tem pelo menos oito arqueólogos e mais pós-graduandos, mestrandos, doutorandos, todos se oferecendo. Tem também gente de outras instituições como a Uerj e arqueólogos aposentados”.
O trabalho vai contar com várias equipes em ação simultaneamente, para dar mais celeridade às buscas do que ainda pode ser salvo. Na coordenação dessa busca estará a professora e pesquisadora Claudia Carvalho, que já foi diretora do museu e é arqueóloga.
“Já foram vistos acervos em condições de ser resgatados. Não diria íntegros, porque têm danos, mas é perfeitamente possível serem resgatados”, diz Wagner William.
As principais apostas da equipe que se organiza para o resgate são os acervos de paleontologia, mineralogia e parte dos objetos de cerâmica da própria arqueologia. Peças dessas coleções que estavam em armários compactadores, ainda que danificadas, podem ter resistido ao incêndio e ao desabamento dos três andares do museu.
Entre as coleções mais vastas que contribuíam para que o acervo do museu fosse tão grande estavam as de insetos e invertebrados e a de cultura indígena, ambas muito frágeis e guardadas em áreas que foram consumidas pelas chamas.